Não sei se gosto do que escrevo,
Não sei se escrevo ao meu gosto,
Nem percebo bem se m'atrevo
A desafiar o imposto.
Enjoo de mim próprio por
Comigo estar demasiado.
Devia dar-me folga-mor,
Viver de mim próprio exilado.
Mas não consigo! Não me dá
P'ra me esguichar pelo ouvido,
Ou p'los demais buracos que há
No corpo que trago vestido.
Experimentei provocar o vómito,
Cuspir-me de dentro de mim...
Não me percebo, sou incógnito
Para a minh'alma em frenesim!
Só a Morte, quiçá, liberta
Do peso que temos de nós!
Mas não deixa uma porta aberta
P'ra voltar, se ficarmos sós.
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